sábado, 19 de outubro de 2013

Mãe de UTI - Alta Hospitalar: do Coração Que Continua Perto Mesmo Estando Longe...

Apesar de toda angustia pela situação delicada, nossos primeiros momentos juntas foram de emoção. O Rafa colaborou em muito pra que isso ocorresse através da sua positividade e força que me manteve calma, e sobretudo por ser ele muito brincalhão. Nos dias que seguiram até sexta-feira 09 de Agosto entre uma visita e outra a baby Gí, eu passava pelo corredor da maternidade observando os enfeites porta- maternidade um mais lindo que outro, pensando que sequer tive tempo pra escolher o meu. "Que bobagem!Pare de choramingar as pitangas Eliane, sua filha esta viva e bem, é o que importa!" Dizia firmemente pra mim mesma quando sentia aquela vontade de lamuriar a minha situação.
Eu ainda não sabia bem o que estaria fazendo ali pra ajuda-la de fato, nem a maneira como toca-la sem machuca-la, a pele dela ainda era fina,rosada, brilhante, ainda estava coberta por lanugo (que é aquela penugem fininha), minhas mãos grudava na pele dela de tão fininha, e aqueles aparelhos todos me dava de certo modo um pouco de aflição.
Quando fomos para a visita no dia 09, recebemos a noticia de que a Giovanna precisou ser intubada (inserção de um tubo via oral que vai até o pulmão) pois mesmo com o cpap ela começou a ter queda de saturação, apresentando apneia (pausa respiratória causada pela imaturidade da área cerebral que controla a respiração, comum em prematuros), ou seja, ela "esquecia" de respirar. A primeira conduta adotada quando ocorre a apneia é estimular a baby a "lembrar-se" que precisa respirar esfregando as costinhas dela, esfregar forte os pés dela, a barriguinha. Ela começou a fazer uso de cafeina, indicados para esses casos, e assim foi intubada. Foi a Dra Silvania quem nos acalmou informando que era esperado isso ocorrer devido a prematuridade. "Esta dentro do esperado" - Como ouvimos essa frase! Em certos momentos nos dias que seguiram, essa frase parecia até um bordão usado pelas médicas, enfermeiras, técnicas...

Coleta de Leite - a primeira experiência no lactário

Ainda em visita a baby Gí, a médica pediu que eu fosse até o lactário do hospital para receber orientação de como tirar o leite. As 11:00 subo ao 2° andar para receber a orientação, havia eu e mais uma mãe, antes de entrar no lactário fomos apresentadas a sala das mães de UTI onde podemos descansar no intervalo de cada visita, tirada de leite, enfim, ali as mãezinhas ficam conversando, guardam suas bolsas no armário...Após realizar todo o passo a passo de higienização que nos é solicitado para uso da salinha do Banco de Leite Humano, a Fernanda (responsável pela orientação), explica como é feito a tirada.
Por estar de mascara deu pra disfarçar o rosto de espanto que com certeza eu estava. Mas as lágrimas foi uma briga a parte. Briguei com cada uma que tentava cair em minha face. Enquanto a Fê falava mal pude guardar alguma informação, tudo o que vinha na mente era a ultima vez que fiz uso de bombinha logo apos a perca da Isabella, do quão doloroso foi fisicamente e emocionalmente, lembrei que enquanto minha irmã tirava o leite na bombinha massageando  o meu seio que estava todo cheio de nódulos por ter demorado de tirar, eu com um pano na boca chorava tentando não gritar pra não acordar os vizinhos, pois já era madrugada. Foi horrível. Só eu sei o quão agitada fiquei pelas lembranças que me trouxe.
Graças a Deus a Fê é um amor, falava tudo devagar e com carinho, e entre uma informação e outra perguntava das nossas bebês, com quantas semanas nasceu, qual o pesinho. Isso ajudou a quebrar a minha tensão. A máquina de medela por ser automática, também auxiliou pra que eu relaxasse um pouco no receio de sentir a mesma dor que na experiencia passada e aos poucos fui respirando, focando que a minha filha estava viva, bem e seria nutrida com meu leite, como sempre sonhei. As informações foram muitas, e aos poucos fui absolvendo o passo-a-passo no lactário, e para quem foi receber apenas orientação eu até que tinha bastante leite - cerca de 350 ml na primeira tirada. Se a Giovanna tivesse mamado no meu seio ela ia se afogar. Me senti uma Mococa. 

Alta Hospitalar 

O Rafa assinou a alta por volta das 13:00. Pagamos algumas despesas extra-hospitalar e o exame do pezinho avançado da Gi, que como meu convenio cobriu até o intermediário a diferença para o exame  ficou em apenas R$ 90,00. Logo apos, o Rafa desceu com as malas pra colocar no carro, e assim desocupar o quarto, embora eu ainda pude ficar lá até as 15:00. Quando sai ainda ficamos com a Gi até as 18:00 quando fomos pesquisar preço de maquinas para tirar leite em casa. Rodamos a toa. O melhor preço (que ainda assim é um absurdo, era no Leite Fácil, uma loja do lado do hospital). Acertamos a máquina e tão logo deu o horário de visita. Eu ainda me sentia perdida do lado da incubadora, não sabia ao certo como toca-la, como agir...Mas queria estar ali, do ladinho dela a todo momento. Por inúmeras vezes eu dizia a ela: "Oi filha, a mamãe ta aqui!É a Mamãe, filha. Estamos aqui com você. Abre o olhinho pra você ver a mamãe e o papai. Te amo sem fim...É filha. Sem fim!!!Ou melhor, te amo do tamanho do universo" (digo isso até hoje).
Quando encerrado o horário de visita foi que realmente caiu a ficha. Eu estava voltando pra casa sem barriga e sem minha bebê no colo. Todo aquele cerimonial lindo da mãe saindo com seu bebê da maternidade, do esposo auxiliando sua nova família segurando a bolsa maternidade, levando as flores que supostamente eu ganharia tinha virado quimera.
Quando descemos até o estacionamento do hospital senti as pernas enfraquecer. A vontade era de voltar naquela UTI e trazer comigo a minha bambina, minha pequena. Mas ela precisava estar ali, precisava daquelas profissionais. E eu precisava aceitar e enfrentar essa nova etapa da nossa história.
Antes mesmo de virar a esquina o choro prendido na garganta virou pranto, soluço, choros fortes de quem sentiu o coração sufocar por tanta impotência humana de não poder ajudar minha filha a não estar naquela situação, e principalmente por não saber o que fazer voltando pra casa sem ela. é um vazio que se sente que dilacera a alma. Embora tivéssemos de voltar pra casa sem a Gí, meu coração ficou lá com ela. O Rafa sempre foi mais forte que eu pra tudo, mas até ele saiu sentido...Não poderia ser diferente, afinal é a filha dele. Enquanto me via soluçar de chorar e com os olhos marejados de lágrimas pousou a mão sobre a minha perna e disse: "Eu também não queria estar voltando pra casa sem ela. Mas precisamos ficar bem, pra cuidarmos dela. Estar do lado dela. Vai ficar tudo bem." Com a cabeça fiz que sim, enquanto as lágrimas corriam em meu rosto de par em par...Não parei de chorar até que chegamos em casa. E ao chegar em casa foi ainda pior, nada em casa me fazia lembrar que havia um bebê a caminho com exceção a poltrona e a comoda cheia de roupinhas. Abri a primeira gaveta, peguei um body, imaginei ela dentro e apertei contra meu peito, como se pudesse abraça-la. Já era mais de meia-noite. Tomamos banho, passei Andolba nos pontos pra tentar aliviar a dor que estava ainda mais intensificada por falta de repouso, colocamos o relógio pra despertar as 6:00 e fomos dormir. Tudo o que eu mais queria naquele momento era que a noite passasse logo,para que as 9:00 eu pudesse novamente estar perto dela. Embora cansada, o sono demorou de vir. E depois de algum tempo, vencida pelo próprio choro, adormeci...

7 comentários:

  1. Querida Eliane, Deus viu cada uma de suas lágrimas derramadas nessa nobre luta, e certamente para cada uma delas Ele lhe presenteará com mil sorrisos ao lado de sua linda Giovanna. A foto das mãos de vocês unidas em seu post anterior resume tudo: AMOR. Amor infinito de Deus por você e seu marido ao lhes dar a graça maravilhosa de serem pais; Amor infinito de vocês por sua abençoada filha. E quem tem Amor está pronto para ser vitorioso. Que Deus continue sempre abençoando sua família.


    Eliane Camargo.

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  2. Minha flor, como tu é maravilhosa, abençoada, cheia de luz! me orgulho de te conhecer (conhecer sim, mesmo através da tela do note)!

    Te acompanhando e orando sempre!

    Beijo

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  3. Oh ELY, eu conheço de perto os sentimentos de uma mãe de uti neo.Sei o quão dificil é essa situação.Mas o mais importante querida é que DEUS está agindo em seu favor,está operando esse milagre.E em muito breve , sua princesinha estará com vc Em Nome de JESUS!Em oração por vcs sempre! <3

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  4. Nossa imagino como foi difícil pra você voltar pra casa sem a Gi. A cada post seu choro e me emociono,não sei se eu seria tão forte e guerreira quanto você. Você merece tudo de bom. Um grande beijo. www.aesperadomeubernardo.blogspot.com.br

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  5. Minha linda confesso que meu coração doeu agora de ver seu relato me emocionei aqui mas a força que vcs estão tendo é admiravél,louvavel
    E co certeza Deus os tem honrado e honrará aqui estamos todos em oração por vcs e creio firmemente que Deus é que esta com vcs Gi,Ely e Rafa e vcs serão e são testemunhos vivos do poder que o amor tem ,esse amor lindo de filhos e pais.

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  6. oh amiga que difícil pra você
    ter que deixar a pequena no hospital
    e receber alta
    mais vejo a mão de Deus em cada
    palavra sua vejo o agir dele
    linda semana bjs

    http://sermamaepelasegundavez.blogspot.com.br/

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  7. Acho incrivel como vc escreve bem, consigo me ver na situaçao, como se estivesse vendo tudo. Vc precisa escrever um lovro!

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Beijos com asas,
Ely