Ser Mãe de UTI é Viver Numa Roda Gigante

10 de Outubro de 2013 

A Gi fez uma apneia hoje, e agora a noite teve queda de saturação no meu colo, ficando cianose (roxa). Não sei como não passei mal junto, é o instinto maternal que faz com que tenhamos reação para socorrer nosso bebê, porque, do contrário, eu não faria nada além de ve-la passando mal no meu colo. Quando percebi que a boca dela estava ficando escura já chamei a técnica de enfermagem e eu mesma fiz os estímulos até a bambina voltar a se lembrar de respirar. Estamos orando para que ela não faça nova pausa respiratória, ou terá de ir para o cateter. Contudo, o que mais queremos  é que ela fique 100% bem para poder vir para casa. 

E que Deus fortaleça o pulmão da minha bambina.

Não posso deixar de ser grata a Deus porque a Gi evoluiu sem nenhuma patologia, a não ser uma hernia umbilical e a apneia, inerente da prematuridade mas que com a maturidade cerebral cessará. São intercorrências que dá para serem tratadas, que já esta sendo hoje mesmo observadas e sei que daqui alguns dias a Gi ficara boa.

A melhor notícia do dia é saber que a Gi já esta com 1.810 kg. Quase que triplicou o seu peso.

14 de Outubro de 2013 

Hoje sai cedo com namorido para resolver alguns detalhes do quartinho da Gi. Quando chegamos na região do hospital seguíamos para almoçar quando avistei uma loja que em sua vitrine expunha alguns modelos de caixinha de música.

Pedi para o namorido entrar um minuto comigo na loja, tão logo pedi a moça que me apresentasse os modelos de caixinha de música para meninas. Vimos aquele modelo 'clássico' marrom com vermelho em formato de coração com uma bailarina dançando ao som da música tema do lago do cisnes, e este tipo de caixinha musical havia me acompanhado durante toda minha infância e até adolescência, quando eu dando corda na caixinha, escrevia no meu diário ao som da musica. Não poderia dar essa caixinha para a Gi pois esse modelo remete a mim mesma e eu queria algo diferente, especial que remeteria somente a bambina e sua história, sua delicadeza e força e o nosso amor.

A moça mostrou outra caixinha mas num modelo que julgo ser para meninas de 11, 12 anos, não traduzia em nada o sentimento que eu sentia. Já estava desistindo e pronta para sair da loja quando a moça se recordou de uma última peça na loja dela:

Senti meus sentimentos serem revelados em cada nota dessa canção...A sensação era como se o som que tocava dentro do meu coração tivesse sido transferido para a caixinha...Não restou uma só dúvida: é este o modelo que eu procurava para presentear minha bambina.
Enquanto eu ouvia o som, me via com a bambina no colo, na poltrona de casa, amamentando-a, como se estivesse vivendo essa cena naquele exato momento, imaginando inclusive o sentimento de realização a brotar em meu coração.

Mas quando a moça falou o preço, olhei para o rosto do namorido e ele, sabendo que estamos cheio de dividas, além de coisas mais 'importantes' para comprar e, considerando ainda que meu salário da empresa esta atrasado a dias, ele simplesmente respondeu: "Você quem sabe", a frase até sugere que eu tenho alternativa, mas conhecendo ele já sei que  significa: NÃO!

Fiz aquela carinha de gato de bodas; Pergunto para a moça se ela daria algum desconto para pagamento a vista. Ela concedeu um desconto. Eu chorei mais um bucadinho até ela arredondar o valor. 

Troco algumas palavras com o Rafa que faz aquela cara de: "Pra que você pede a minha opinião se no final vai prevalecer a sua?"

Não era nada disso. Eu estava a procura da caixinha de música a tempos, e aquela era exatamente o que eu queria...Nunca tinha visto um modelo assim, com carinha de criança pequena. E além do mais, comprar a caixinha não vai nos fazer ficar mais pobre do que já estamos ;)

Ele achou uma futilidade, considerando que temos outras coisas para comprar. Eu sei que de certo modo é. Mas gostaria de presenteá-la com a caixinha de música, de um jeito especial. Dá pra entender? Quando ela estiver uma moça vai poder usar a caixinha, e sempre se lembrara dos detalhes com os quais eu pensei em cada coisa para ela. Sou uma mãe boba? Sei lá, de repente ela pode até não gostar. Mas eu duvido muito...

Futilidade por futilidade, já gastamos cerca de R$ 1.000,00 com ursinhos (ok são anti alérgicos), o que é importante para a Gi, compramos na dentro do Santa Joana. São ursinhos lindos, diferentes, alguns já vinha com uma mantinha, são todos interativos, ajuda a estimular a criança em suas cores, formato, som...Mas não deixa de ser um valor gasto em excesso, e boa parte dos ursos foi o Rafa que escolheu. 

Então o que é uma caixinha de música diante de tudo isso?

É claro que o argumento só foi vencido após eu dizer:

"MEU AMOR, EU JURO QUE NÃO VOU QUERER COMPRAR MAIS NADICA DE NADA. NÉCATIBITIBIRÉCA...JURO!"

<<Eu ria >> Ele ria junto, dizendo: "A tá, até virarmos a próxima esquina! Quantas vezes você já me disse isso mesmo? Humm, xo contar: três, cinco, mil vezes..."

Fomos ao banco, sacamos o dinheiro e voltei a loja. A moça que tinha me atendido antes perguntou se precisava embrulhar para presente, respondi que não pois era para a minha filha, ao que ela perguntou quantos anos ela tinha: "Dois meses" - respondi.

"Nossa, mas como você esta magrinha, nem parece que teve bebê." (voei no céu e aterrissei como uma pomba kkk).

Contei brevemente a história e disse que a Gi ainda esta no hospital que é do lado da loja praticamente, ao que ela me contou a história dela....

Em 18 de julho desse ano, ela estando grávida de 26 semanas foi até o Santa Joana (hospital que a Gi esta e que eu já estava internada desde o dia 12 de julho), com queixas de contrações. Não havia vaga para internação, o hospital estava lotado, assim dito por ela. Como o caso dela era também de internação transferiram-a para o Pro Matre (Hospital da rede St Joana), infelizmente no mesmo dia ela entrou em trabalho de parto, sua filhinha nasceu de 590 gramas e tão logo partiu para o colo de Deus.

Não tive o que dizer. O Rafa tampouco. Ela chegou a achar que foi o baixo peso, mas aqui no Santa Joana tem bebes que nascem com 415 gramas e estão hoje fofuras que só vendo. O Santa Joana e Pro Matre são uma rede, do mesmo dono. Ambos excelência em gestação de risco, com as melhores UTINeo da América Latina e UTI para gestante (St Joana é referencia) e é comum por lá o nascimento de prematuros extremos.

Enfim, não a nada que se pode dizer para uma mãe de anjo. Achei lindo quando ela, contando sua história, disse em um dado momento: "Dou graças a Deus por tudo o que me ocorreu, se Ele quis assim, é por que assim é o melhor por nós, eu ainda tenho a graça de ter três filhos, o que posso fazer é aceitar a vontade de Deus em ter levando minha filha."

Eu até cheguei a dizer que em cada rosto dos três filhos delas, em cada sorriso, Deus estaria dando Seu consolo a ela, porque o amor que temos por cada filho é único e vive para sempre em nós, mas Deus sempre encontrara maneiras de deixar o coração dela preenchido pela princesinha que partiu. Ela me desejou os melhores votos de saúde e felicidade de uma mãe que sabe exatamente o que eu  senti e sinto. Nos despedimos e retornei ao hospital e o Rafa foi para  empresa. Fiquei pensando nessa coincidência de datas, histórias e na gratidão da mulher, que me ensina a nunca sequer reclamar. A Gi nasceu com a mesma semana gestacional do que a filha dela...

Mais tarde entrei na UTI e ainda no corredor encontro a Dra Ti que acena para mim de maneira empolgada sinalizando que a fono já estava com a Gi realizando avaliação. Você já sabe qual foi a minha reação, não é?! É, chorei, rs. Quando lembro do  tamanico que ela nasceu, de se alimentar via cateter umbilical com alimentação Parenteral, logo apos começando a mamar via SOG com 1ml do meu leitinho, e agora ve-la evoluindo, é motivo de muito agradecimento, emoção para mim.

São esses pequenos passinhos (do tamanho dos pés dela) que nos fazem cada dia estar mais perto de estar em casa. Cada dia uma vitória.

A Fono falou que ela foi super bem na avaliação e que já dava para pedir liberação de sessões. Espero que não seja a mesma novela para liberar as sessões do jeito que foi com a avaliação. Nem devo pensar nisso, o que importa é que estamos cada dia mais próximo de estreitar nosso relacionamento de cumplicidade e amor de mãe e filha no ato tão sonhado por mim: amamentando minha bambina em meu seio...Ah Deus, só de sonhar com isso o coração fica de um jeito...

E claro que, parabenizei a nossa guerreirinha, reconhecendo que todos esses méritos são dela em ser forte e lutar lindamente pela sua vida. 

16 de Outubro de 2013 

Cheguei cedinho no hospital hoje e fui direto ver a bambina, quando me aproximo da sala da UTI observo uma médica e uma técnica ao redor da bebê, e a Gi cheia de fios inseridos em seu corpinho, na cabeça, realizando a Polissonografia. Fiquei por cinco minutos acompanhando ela, a Gi sorriu mesmo dormindo (sorriso sim, porque me recuso a acreditar que são reflexos!), mas essa mãe mole que sou preferiu sair da sala, fiquei aflita com tantos fios no corpinho dela. Voltei ao lactário, tirei leite e passei o dia com ela, que, por varias vezes no dia tem dado esses sorrisinhos fofos pra mamãe. Como não ama-la ainda mais? 

Quando voltei a dra Fabi explicou que a Poli esta sendo repetida por que  bambina continua fazendo apneias. No princípio cogitaram a hipótese da apneia estar associada a convulsão, e graças a Deus é mesmo imaturidade cerebral, detectando que a Gi tem um atraso de 2 semanas em vista da idade gestacional que ela esta hoje. Na visita da tarde a Dra Ti me explicou que a bambina já esta tomando o máximo de cafeina, e mesmo assim faz essas pausas de ficar cianose (ela teve cianose generalizada numa dessas pausas). Ontem o neurologista pediatra da Gi (Dr. Marco) avisou-me que será necessário um acompanhamento direto com ele, dentro do hospital e após a alta também. Esse médico é maravilhoso, além de ser ótima pessoa. O Dr Marco pediu-me para não criar expectativas para uma possível  alta no começo de novembro; Eles vão continuar contando as semanas de gestação dela até as 40 semanas (que ela completa em 08 de novembro), e depois disso ainda ficara lá em observação contando os 7 dias sem cafeina, quando for possível tirar a mesma sem que a bambina  tenha novas pausas/apneia.

Isso tudo vai de encontro a programação do papito dela que tem dito que quer ela em casa no máximo até no natal. A Dra confirmou essa hipótese. Nota-se que eu não to apitando em nada com essa minha filha...rs

Fico triste por não ter mais uma possível programação de alta e ao mesmo tempo feliz, embora eu queira estar com ela, quero que ela venha super bem, sem precisar voltar para o hospital, então, minha única expectativa agora é essa...Gi em casa em dezembro: #meupresentedenatal ;)

17 de Outubro de 2013 

O dia foi terrível. Faleceu o filhinho de uma amiga da UTI a Yéssica, mãe do Luquinhas que nasceu com uma semana a menos da Gi. Ele lutou pela vida por um mês e meio, até que contraiu uma infecção que generalizou. Ontem, enquanto estava na sala das mães de UTI num de nossos intervalos de visita, soube que ela havia levado o padre para orar pelo bebê. Lembrei de sábado passado, quando eu, a Yéssica, e duas amigas estávamos partilhando sobre o Luquinhas e ela comentou de sua preocupação. Me levantei, nos abraçamos, ela chorou e eu chorei também, dizendo: "Magina mulher, o que é isso?! Você vai ver seu filhote grande te chamando de mamãe, e dias como esse de hoje só servirão para contar a linda história de vida de vocês."

Quando tudo ocorreu eu não pude me conter. Sai da sala da UTI porque não conseguia ficar do lado da Gi sem chorar. Sentei no sofá e fiquei lembrando das minhas conversas com a Yéssica, ela que veio do Peru, já havia entregado seu primeiro filho a Deus, e agora estava lutando com o seu Luquinhas. 

Jamais esquecerei ela e seu sotaque gostoso, falando de um jeito tão terno sobre o seu bebê. Sempre nos encontrávamos no lactário, e enquanto tirávamos leite que era quase sempre no mesmo horário, partilhávamos sobre nossos bebês.

Para todas as mães que estão ali na mesma situação, ver outra mãe sofrer com essa triste noticia, doe. Nos coloca também com um certo medo. Como nosso coração sofre. Isso mexeu tanto comigo que fiquei todo o meu horário de visita (19:30 até as 21:40) sentada do lado de fora, aguardando o Rafa vir me pegar. Antes de voltar para casa, dei um tchauzinho na bambina e já sentia surgir a vontade de chorar. 

Não sei entender.

Gostaria de descobrir um jeito de parar de chorar. É o segundo bebê de alguém que eu fiz amizade que volta para Deus. E ambos com praticamente a mesma idade gestacional da Gi (25 semanas de gestação). Cada mãe ali se empenha tão lindamente pela vida do filho. Todas merecemos essa graça. Nenhuma de nós  merece mais ou menos do que alguém, independente dos motivos pelos quais cada bebê esta na UTI. Todos são especiais, guerreiros. Nasceram com uma missão especial!

Fiquei lembrando do trecho da seguinte canção:

"E Deus por que eu sou tão pequenina assim, vou ficar quietinha aqui no seu colo esperando o tempo certo de tudo. Mesmo sem entender."

É o único lugar que posso estar nesse momento. No colo de Deus.

18 de Outubro de 2013 

Hoje a bambina começou a tomar anticonvulsivo. Falei para ela que vou trocar o nome dela para Gipnéia se ela não parar de graça. Não que ela esteja tendo convulsão, mas a Dra Ti e o Dr. Marco explicou que como medida preventiva eles vão iniciar o tratamento com esse medicamento, e que em alguns casos de prematuro já foi percebido melhora das apneias apos o uso do gardenal. É claro que quando se houve falar de gardenal você já imagina trocentas bobagens do tanto que falasse mal dessa medicação ou que se ouve como motivo de gozação com outras pessoas. Não é nada como dizem,  e o Dr. garantiu que não causa dependência, principalmente porque o uso será num curto período. Infelizmente precisou fazer a punção de uma veia para iniciar com a medicação. E eu não estou nada bem, qualquer coisa já tem me feito chorar desde ontem.

Enquanto a Dra. me explicava os motivos dessa medida, que foi discutido na visita médica, eu tive um surto de choro, soluços, pranto. A Dra Tiemi me abraçou, e começou a chorar também (quebrando o protocolo) e me dizendo pra ter paciência e que logo a bebe estaria melhor: "Não chora Eli, senão eu choro junto e vou ficar com os olhos parecendo de um panda por conta da maquiagem", dei risada por três segundos até que a enfermeira Daniela me abraçando disse: Mãe, filhos são assim mesmo, nos da cada susto, vai ficar tudo bem, não chora mais. (Chorei de novo? Magina..) Depois veio uma técnica me abraçar. (E mais um bocadinho de chorinho)...

Nem imaginei a sensibilidade que elas também tem com cada bebê, o envolvimento...

Como eu pouco conseguia falar, o Rafa explicou para a Dra e para as meninas que eu estava ainda mais chorona mor também pelo ocorrido com a Yéssica, isso me afetou muito. 

A Dra Ti me orientou que eu saísse um pouco mais, tentasse passear com o Rafael pelo menos uma vez como distração, sair da tensão que esta por lá, e depois acompanhar a Gi numa visita mais tarde, enfim, que de alguma forma tentasse me entreter também de outra maneira para me ajudar a passar por isso, e até procurar a Salete (psicologa das mães de UTI do hospital). Não acho que falar iria me ajudar. Já descobri a anos que minha terapia é escrever...

E não sei como pensar em distração. Sinceramente, não sei. O coração fica agitado quando estou longe dela. Sei que é preciso sempre confiar, continuar, não desanimar. 

Avisei a Dra Tiemi na visita das 18:00 horas que estaria voltando para casa mais cedo com o Rafa, eu não tinha a menor condições de ficar do lado dela do jeito que estou hoje. Vou recarregar o animo em Deus, respirar fundo e seguir...

Novamente me pego meditando naquela canção que o Rafa uma vez tocou para mim:

"Deus arranca de mim este pranto de dor. Com teu espirito vem me curar."

Porque a partida do Luquinhas me deixou ferida por dentro, e pra ser sincera, com receio de perder a Gi. Enquanto eu conversava com a Dra Ti, a outra parte da canção tocava no meu coração:

"Não haverá impossíveis para o meu Deus, suas promessas Ele me fara viver, a espera não pode roubar a esperança e as lagrimas ele enxugara..Com o milagre."

Estou agora fixando meu pensamento sobre isso, e no quanto necessito que se cumpra na minha vida, exatamente como diz na canção.

20 de Outubro de 2013 

Uma cachorrinha linda apareceu aqui em casa na madrugada anterior, uma fofinha, não sei como conseguiu entrar aqui no quintal, mas abrigamos ela de noite e hoje o Rafa foi tentar achar um lar para ela (não podemos ter animais de estimação em casa até o 2° ano de vida da Gi), ao que tudo indica minha mãe ficara com a cachorrinha que apelidei de Lady.

No caminho de ida eu estava tão concentrada na escrita que perdi o ponto de descer. ó que otimo..Resultado: me atrasei para a visita, tendo apenas 15 minutos com a Gi. Ao menos pude ve-la um pouco, tocar, mandar beijo e dizer: Oi minha biscoitinha, a mamãe chegou...

Gi voltou a respirar com ajuda de um aparelho respiratório, o cateter nasal desde ontem. Esta com Fi de 21% e 1 litro de oxigênio. Pouca coisa. É  claro que eu fiquei sentida por ter dado esse passo para trás. Mas é o melhor para ela no momento.

Conversei com ela sobre o cateter explicando que esta tudo bem: 

"Minha biscoitinha, o cateter não vai fazer dodói no nariz como o Cpap fez, porque ele é fininho, molinho, e quando você estiver pronta para sair do cateter vai ser em definitivo, sem necessidade de voltar a usar. Esta tudo bem você é uma garotinha forte!!!"

Sei que ela entende nossa conversa e fica ainda mais forte. Hoje a bambina pesou 2.340 kg, e o leitinho foi aumentado para 43 ml. E só aumenta o leitinho da minha gatinha....

E a mãe aqui deu pra sentir-se indisposta em tirar o leite no lactário. Se eu paro de estimular o leite vai secando, e com esses sustos que tomei nos ultimos dias diminuiu tanto o volume...Devo dizer que com os sustos que tomei o leite já diminuiu depois voltou umas 4 vezes. Fiz uso do plásil por um bom tempo para melhorar  na descida, e hoje a Dra Ti me passou Equilid, é um tipo de calmante, anti-depressivo leve comprado apenas com receia (a receita fica pressa), como meu leite deu uma diminuída vai ajudar na descida, e pra ser sincera, foi até bom, assim eu tento relaxar, ando tendo alguns picos de estresse mesmo lutando para não ter...

23 de Outubro de 2013  

Hoje ela esta com 2.520 kg - tão bolota que se vê dobras no pescoço -, e 45 cm, uma meninona. A Dra avisou que ainda esta aguardando a liberação das sessões de fono para começar os treinos e prepara-la para mamar. Só me resta aguardar o retorno do meu convênio com a liberação. Ela também esta com edema do lado direito do corpo, ainda tomando gardenal e recebeu nova transfusão de sangue na sexta a noite. Hoje colheram exames para verificar a necessidade de repor a proteína que protege o edema.

Em suma, a bambina esta estável dentro do quadro mencionado acima.

Eu é que estou sensível, um pouco estressada, por vezes me sentindo esgotada, com uma vontade tão grande de vê-la progredir logo e vir para casa. É tanta expectativa.

E o ambiente na sala das mães ainda esta tenso, pela partida do bebe da Yéssica. Não se comenta outra coisa. E essa semana mal começou e faleceu um outro bebe no meu andar. Eu não conhecia os pais, mas mesmo assim, o pesar que fica doe na alma da gente.

Eu já devia estar habituada a essas situações. É que estar numa UTI Neo é viver em altos e baixos, como se estivéssemos numa roda gigante. 

Dias desses estava conversando com o Rafa falando sobre isso, que, quando eu tinha por volta de 11 anos, adorava ir ao parque que tinha na rua de cima de casa. Minha mãe nem sempre tinha dinheiro para comprar os ingressos, e por mim eu iria todos os finais de semana. Então, eu e uma amiga de infância chamada Maila, ajuntávamos a semana toda o valor do ingresso para irmos pelo menos em um único brinquedo. Essa amiga era a mais destemida, a corajosa do grupo, e na maioria das vezes que íamos ao parque andávamos numa roda gigante ou na casa dos monstros. (Também ia no carrinho de bate-bate, mas ai já é outra história já que eu tinha uma certa quedinha por um garoto moreninho que era responsável por esse brinquedo kkkk). Eu preferia a casa dos monstro. Sempre tive certo pavor de olhar do alto daquela roda gigante e me ver longe da superfície, vulnerável à queda. Mas me forçava a ir, porque não queria ser medrosa daquele jeito, e me impunha isso como um exercício de menina forte e corajosa que eu desejava ser, como minha amiga demonstrava ser. Em muitas ocasiões, quando o brinquedo começava a subir eu gritava quando estava no alto da roda gigante, e aos poucos sentia acontecer a confiança para abrir os olhos e avistar tudo ao meu redor de maneira ampla. E quando eu saia do brinquedo, brotava uma alegria e satisfação tão grande por ter sido corajosa o suficiente a ponto de encarar o meu medo e de aproveitar "a vista" do alto, de um jeito privilegiado com detalhes que poucos veriam.

Então que eu disse ao Rafa que quero encarar este momento da nossa vida como aquela roda gigante da minha infância. Pode parecer que demos um passo para trás, mas estou subindo ao topo da roda gigante, deixando vazar meus medos, com gritos se necessário for, mas aos poucos vou abrindo os olhos, e recebendo o melhor aprendizado que a vida poderia me presentear em viver e conhecer a vida de um jeito que poucos os fazem, mas sobretudo de, através de tudo isso, sentir a fé fortificar, fé em Deus, em seus milagres, na vida, nas pessoas em sua capacidade e valor...E lembrarei que ao final me sentirei satisfeita tal qual ocorria na saída daquela roda gigante, feliz comigo por não ter sucumbido ao meu medo.

 25 de Outubro de 2013

Dia de celebração!!!!Hoje a Gi saiu do gardenal e também do cateter. Graças a Deus!!!Agora é só rezar para que ela respire sozinha, com a saturação boa e sem as benditas apneias.

Hoje ela pesou 2.700kg e esta com 45 cm de estatura.

Quando nasceu estava com 950 gramas que caiu para 830 e 35 cm...Bem..acho que cresceu e engordou muito bem né?

Aproveitei a noite para passear com namorido no shopping, jantar, ir ao cinema, comer pipoca, rir de coisas a toa...

Com essa melhora me pus a pensar: Será que no fim de novembro a Gigi estará em casa?

Fico sonhando com a alta, em cada avanço, cada novo passo dado.

Filha, mamãe te ama de bastante de muito. Parabéns pelo passo dado. Vai dar tudo certo!!!

28 de Outubro de 2013

Tive a noticia de que o baby de uma amiga da uti, Juliana, voltou pro colo de Deus...ele nasceu prematuro com 24 semanas e 390 gramas, acredito que ele já estava quase com 1 kilinho, lutando bravamente por quase dois meses pela sua vida, mas Deus, por algum motivo, o chamou para o céu. O Rafa chegou a doar sangue para ele a umas duas semanas atrás, é que os pais são do nordeste e não conseguiram doares aqui....Infelizmente ele partiu, deixando todas, e de modo especial a mãezinha Juliana, com o coração de um jeito que só Deus conhece.

Só Deus para ser consolo. Eu não vi a Ju depois do ocorrido, cheguei mais tarde no hospital e as meninas me contaram. Nunca, em todos esses dias que falei com a Ju, eu a vi cabisbaixo. Ela é positiva, estava sempre do lado do seu filhote e assim como a Yéssica, ela fez de tudo pelo seu bebê. Que o Senhor seja a paz e o consolo que ela precisa nesse momento.

Sobre a Gi, graças a Deus ela já esta fazendo exercícios com a fono e foi liberado 5 ml de leite pela mamadeira e 40 via SOG. A fono disse que a minha mocinha esta de parabéns e que em breve será colocado a Gi em meu seio.

Cada evolução é comemorada com uma imensa alegria! Fico ansiosa só de imaginar a Gi mamando em meu seio. Obrigada Deus.